As contraliteraturas

O texto que se segue tem por objecto apresentar alguns elementos de reflexão acerca do problema das contraliteramras. Parece ser necessário dizer algumas palavras sobre o assunto, a fim de que se evite todo e qualquer mal-entendido. E, em primeiro lugar, temos de nos referir ao próprio título dado a este trabalho. Na sua acção mais geral e mais imediata, a fórmula adaptada - as contraliteraturas - remete-nos para duas séries bem distintas de factos. Por um lado, pretende contestar e voltar a pôr em questão a «literatura», cujos efeitos se fazem sentir tanto ao nível do trabalho dos escritores ( «novo» teatro, «novo» romance, «nova» crítica, etc.) como no domínio do ensino, a propósito do qual se tornou já convencional falarmos da crise dos estudos «literários». Por outro lado, a mesma fórmula leva a que nos lembremos da existência de todo um sector da produção literária, muito importante nas estatísticas, mas ao qual habitualmente apenas se concede um lugar marginal como o revelam as expressões utilizadas quando se fala do assunto: «infraliteratura», «paraliteratura», «literatura de massa», etc.