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Maravilhas do Conto Francês

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Esta antologia não tem caráter panorâmico, e sim seletivo. Nela não se encontrará o quadro histórico da evolução do conto em França, e sim um volume reunindo um punhado das mais belas histórias curtas escritas por escritores franceses. Por êsse motivo, não se incluiu nenhum “fabliau” nem os que vieram logo depois, inclusive os que no século XVII enriqueceram a literatura francesa com peças de melhor fatura artística e mais conteúdo humano. É neste século, aliás, que surgem os “Contos”, de Ouville, as famosas histórias de Perrault, os “Contes de Fées”, de Madame Aulnoy, e principalmente os contos de La Fontaine, muitos dêles imitados dos “fabliaux”, ou de Boccaccio, mas que já prenunciam o aparecimento dos contistas que no século XVIII dariam forma e conteúdo definitivos ao gênero Mas é na primeira metade do século XIX que irão surgir os primeiros realmente grandes conteurs. O responsável por esta seleção preferiu, por vários motivos, partir do século XIX, deixando de lado todos os predecessores. Por feliz coincidência — a colocação dos contos obedece ao critério cronológico, tendo como ponto de partida a data do nascimento dos autores — coube a um autêntico mestre o trabalho de abertura. Mais conhecido pelos seus romances, entre os quais êsse admirável “O Vermelho e o Negro”, Stendhal deixou alguns trabalhos menores, de inclusão obrigatória em qualquer antologia que pretenda apresentar o que a França produziu de melhor no conto. O “Caixão e o Espectro” é um excelente exemplo da prosa daquele que pode ser considerado como o pai do romance psicológico, e mestre incontestado da ficção. Se Stendhal é autor de poucas histórias curtas, a produção de Balzac é grande. Segundo a maioria da crítica, em “A Obra-Prima Ignorada”, o criador de “A Comédia Humana” atinge o máximo de sua arte. Contensão, síntese, o mundo de sugestões implícitas nesta pequena jóia da ficção francesa, tornam êsse conto um dos maiores já escritos em qualquer tempo, ou idioma. De Mérimée haveria, também, muito o que escolher, mas “Mateus Falcone” tem sido, com justa razão, apontada como das melhores histórias curtas não apenas de Mérimée, mas da própria literatura universal. Quanto no romântico Alfred de Musset, não haveria, para o organizador desta seleção, outra alternativa: “Mimi Pinson”, é, indiscutivelmente, a melhor e mais feliz história escrita pelo autor de “Memórias de um filho do século”. Também de Théophile Gautier se poderá dizer o mesmo: “Avatar” reúne as características necessárias para ser colocada entre as grandes produções do gênero. Não é fácil a escolha entre os contos cruéis de Villiers de L’Isle-Adam. Todos são impressionantes, todos mantém o leitor num angustiante suspense, todos são compostos com extrema habilidade. “O Segredo da Guilhotina” exemplifica nìtidamente os métodos e a concepção artística dêste mórbido e impressionante narrador. De um clima tão denso e trágico como o de Villiers de l’Isle-Adam, passamos ao ambiente suave, irônico, cheio de malícia de Alphonse Daudet. A história do padre Gaucher é justamente famosa, e como tôdas as demais que integram as “Gaitas do Meu Moinho”, bem típica da maneira dêste grande evocador dos costumes provençais. Se Alphonse Daudet foi um mestre do conto, Emile Zola raramente se aventurou a êle. Contam se pelos dedos as histórias curtas devidas à sua pena. Mas “Naïs Micoulin” não poderá faltar em qualquer volume que pretenda reunir os mais belos contos da língua francesa. Pouco conhecido das novas gerações, François Coppée é dono de algumas páginas modelares. “Um Caso de Consciência” já foi incluído em diversas antologias. Outro trabalho antológico, de um autor a que nenhum historiador literário negará as mais altas virtudes para o gênero, é “O Procurador da Judéia”, pequena jóia de Anatole France. Na seara do autor de “Thaïs” a escolha nunca é fácil, tantas são as obras-primas, mas estamos certos que os leitores nos agradecerão a inclusão destas páginas repletas de ironia e ceticismo. Chegamos, finalmente, a Guy de Maupassant, escritor onde o gênero atinge sua máxima perfeição. Mestre insuperado, o autor de “O Campo das Oliveiras” está acima de todos. Com êle o conto ganha seus contôrnos definitivos, atinge alturas insuspeitadas. Das centenas de histórias que nos deixou, “O Campo das Oliveiras” está incluída entre as mais perfeitas. O autor atinge com êste trabalho o mesmo nível dos grandes trágicos gregos. Com “Maravilhas do Conto Francês”, a Editôra Cultrix dá início à publicação de uma série de “Antologias” que reunirá os melhores contos dos maiores contistas dos principais países do mundo. (Edgar Cavalheiro)
Request Code : ZLIB.IO18333770
Categories:
Year:
1958
Publisher:
Editora Cultrix
Language:
Portuguese
Series:
Maravilhas do Conto Universal Volume 01

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